Bitcoin cai 34% em cinco sessões
A moeda criptográfica mais importante registou um máximo histórico no dia 17 de dezembro. Desde esse pico perdeu mais de um terço do seu valor em dólares. Na sexta-feira viveu a maior quebra diária do ano, caindo quase 16%
JORGE NASCIMENTO RODRIGUES
A moeda criptográfica mais mediática perdeu mais de um terço do seu valor em dólares em apenas cinco sessões no mercado spot. A bitcoin registou um máximo histórico em 19891 dólares a 17 de dezembro, e depois desse pico caiu 34% até ao fecho na sexta-feira. Em euros, registou um máximo de 16970 no mesmo dia e perdeu 25% nas cinco sessões seguintes.
Encerrando a sessão de sexta-feira em 13170 dólares, a bitcoin registou nesse dia a maior queda diária do ano, com uma correção de 15,94%. superior à quebra de 15,89% a 14 de setembro. No mercado spot, a moeda encriptada registou correções diárias de dois dígitos, entre 10 e 16%, em oito sessões em janeiro, junho, julho, setembro e, agora, em dezembro.
O mercado de futuros da bitcoin, que abriu ao final da tarde (hora local) de 10 de dezembro nos Estados Unidos, com a estreia da negociação na plataforma da CBOE (Chicago Board Options Exchange), fixou um máximo para os contratos de janeiro em 20500 dólares no dia 18 de dezembro. Na sexta-feira fechou em 13950 dólares, uma queda de 25% desde aquele pico. Na plataforma da CME (Chicago Mercantile Exchange), que abriu a 17 de dezembro, os futuros da bitcoin para janeiro caíram de 19595 dólares na abertura da negociação na estreia para 13900 dólares esta sexta-feira, uma quebra de 29%.
Baleias vendem a sardinhas
Os analistas falam de uma “transição” neste mercado, derivada das ‘baleias’ (um clube restrito de uns 1000 investidores que detinham 40% da bitcoin em circulação) começarem a vender aos novos investidores, designados por ‘sardinhas’, que surgiram em vagas de ‘cardumes’ atraídos pela ‘bolha’.
Para o consultor André Ribeiro, radicado em Manchester, no Reino Unido, o disparo recente do câmbio tem muito a ver com manipulação de mercado que na gíria financeira em inglês se designa por painting the tape. “O facto da bitcoin não ser regulada atrai manipuladores.Imaginemos que somos dois ‘mineiros’ de bitcoin. Um vende ao outro por 10000, o outro vende de volta por 15000 e voltam a passar para o outro a 18000. Basicamente é transaccionar para a frente e para trás, não há intercâmbio real, é a mesma bitcoin a andar de um lado para o outro. Quem está de fora e não sabe exclama que «o preço está a subir». É das fraudes mais antigas da história financeira. Oobjetivo aqui é atrair os ingénuos que estão a assistir e depois decidem comprar”, diz o consultor português.
Depois de um disparo até um pico histórico perto de 20000 dólares no mercado spot a 17 de dezembro, a tendência descendente pode ter começado. Com ziguezagues. “Nesta fase ainda se deve registar muita volatilidade e falsas recuperações, mas sem voltar ao patamar dos 20 mil. E, mais semana menos semana, deverá andar por valores próximos de 7 mil. Se já se considerava uma bolha, o risco inerente às criptomoedas é, na minha opinião, imenso neste momento”, refere-nos Tiago Marques Pereira, analista do banco BIG.
Valores no patamar dos 7000 dólares significam uma queda adicional de 47% em relação ao valor de fecho desta sexta-feira e uma correção de 65% em relação ao pico histórico, até à data, registado a 17 de dezembro de 2017.
A bitcoin valorizou 1300% em dólares desde o final de 2016.