‘Bull market’ na prata e no ouro continua
Publicado no Diário Económico de dia 23 de Maio 2011
Por André Ribeiro
Os mercados financeiros representam uma fascinante psicologia dos investidores.
Quando o preço da prata se aproximou dos 50 dólares observámos na CNBC a falarem diariamente sobre o metal e a aparecerem uma série de chamados “especialistas” com várias explicações.A subida recente da prata foi tão espectacular que apanhou a maioria dos investidores distraídos e depois em apenas uma semana a euforia na prata foi esmagada.Antes de um quase ‘crash’, a prata estava a “bombar” para cima numa ascensão parabólica, acelerando verticalmente e disparando nos gráficos.
Após uma subida de 80% em 2010, este ano já disparou cerca de 90% desde o mínimo de 26 dólares por onça em finais de Janeiro para mais de 49 dólares a 25 de Abril.
Mas, como sabem os estudantes dos mercados, as subidas parabólicas não costumam acabar bem.
Alguns compraram na fase final da subida, ignorando a história da prata. No início de Maio o preço da prata colapsou em mais de um terço.
Nos últimos anos a prata teve outras três subidas parabólicas e quase ‘crashs’ na Primavera de 2004, 2006 e 2008. Aparentemente, estas parábolas parecem mais pequenas nos gráficos, mas proporcionalmente em percentagem são bastante semelhantes.
Foram “quase” ‘crashs’ porque os mergulhos pós-parábola não se encaixam na definição de ‘crash’ das bolsas em que há uma queda de 20% em dois dias de ‘trading’. Apesar das quedas brutais, o maior deslize foi de 17,6% em dois dias.
Os cépticos continuam a afirmar que os metais preciosos estão numa bolha, o que é natural, quando não se conhecem os factores fundamentais que têm levado à forte ‘performance’. Há muita confusão especialmente sobre a prata, se é um metal industrial ou se tem valor monetário. Temos também categorias de procura, procura industrial e procura de investimento a que se junta uma terceira, a procura monetária.
A vasta maioria dos comentadores e investidores continuam sem perceber as transições que estão a ocorrer e como tal têm falhado as análises e não reconhecem o potencial de subida do ouro e da prata.
Porque é que o ouro e a prata vão continuar a sua trajectória ascendente? Basicamente pelos mesmos motivos que os têm feito subir ao longo da última década e do início desta: a oferta, a procura e a expansão de liquidez por parte dos bancos centrais.
Todas as moedas fiduciárias na história falharam. Vivemos num castelo de cartas financeiro, feito de papel. A consciência mundial despertou para isto desde 2008. Neste contexto, o mercado está a assignar o papel de moeda de reserva mundial ao ouro, não ao dólar, nem ao euro. A fuga das moedas de papel para o ouro e a prata está apenas a começar.