Cautela nas Bolsas em 2011
Publicado no Diário Económico de dia 3 de Janeiro 2011
Por André Ribeiro
No final de 2010 os futuros do indíce S&P 500 atingiram os 1251 pontos, incorporando as melhores estimativas de uma recuperação da economia em 2011. Nos últimos 21 meses este índice valorizou 85% recuperando cerca de 63% do colapso do máximo de 9 de Outubro de 2007 ao mínimo de 9 de Março de 2009.
Nas projecções para 2011 da revista Barron’s todos os analistas apresentam perspectivas positivas. Mas vejamos o contexto actual. Um facto inegável é que o sistema que provocou a crise financeira continua em funções e insolvente, apenas lhe foram lançados mais uns dólares e euros em cima para se aguentarem uns tempos.
A euforia nas bolsas é oficial, de acordo com a AAII Sentiment Survey de 23 de Dezembro, a percentagem de bulls é agora de 63,28% o valor mais alto desde Novembro de 2004, enquanto que o sentimento bearish é de apenas 16,41% o valor mais baixo desde Novembro de 2005. Os fundos de investimento nos EUA estão há 33 semanas consecutivas a retirar dinheiro das bolsas. O indíce da volatilidade, o VIX atingiu niveis abaixo dos 17, que é um sinal de grande confiança e complacência e portanto ausência de medo. As estocásticas mensais e semanais estão em níveis extremamente elevados. Muitas das maiores quedas nos últimos anos deram-se com estes indicadores nos níveis extremos em que estão agora. Sugere-se portanto muita cautela nas bolsas. É preciso estar atento, pois é provável que o próximo ano traga um aumento da volatilidade, o que se traduzirá em oscilações fortes e rápidas nos preços.
Em termos reais, valorizadas em ouro, as bolsas têm estado a afundar-se há uma década e a minha análise aponta para que essa tendência vai continuar. No ano 2000 eram necessárias mais de 40 onças de ouro para comprar o indíce Dow Jones, agora essa compra pode ser feita por pouco mais de 8 onças de ouro. Os analistas que acreditam na subida no ouro pensam que esse rácio pode ir para os 1:1, ou seja, 1 onça de ouro a valer o mesmo que o Dow Jones. As injecções massivas de moeda estão a gerar inflação que também tem levado a novos níveis recorde nas matérias-primas.
A médio e longo prazo os investidores podem continuar a proteger-se da inflação crescente estando em activos que se valorizam em ambientes inflacionistas. Os metais preciosos, em particular o ouro e a prata são dos veículos mais directos para materializar o que considero serem bons investimentos. A continuarem a tendência da última década o ouro e a prata continuarão a estabelecer novos máximos.