Divergências nas bolsas e nos metais preciosos
Publicado no Diário Económico de dia 31 de Janeiro 2011
Por André Ribeiro
No final de Janeiro os futuros do S&P 500 estão perto dos 1300 pontos, desde o mínimo de 9 de Março de 2009, passados 23 meses este índice valorizou 91%. Contudo ainda está longe dos máximos de 2007 e as sequelas do “annus horribilis” de 2008 ainda estão bem presentes.
O clima do mercado accionista continua a ser caracterizado por um sentimento dos investidores em extremos de otimismo, a volatilidade em mínimos e em extremos, os valores das estocásticas mensais e semanais elevados em valores que são semelhantes aos topos anteriores das bolsas. As yields das obrigações estão a subir o que historicamente é hostil para as acções.
As bolsas tipicamente demoram algum tempo a formar grandes topos e fazem uma série de máximos sucessivos marginais, o que tem acontecido nas últimas semanas. Foi assim nos topos recentes em 2007, Janeiro de 2010, Abril de 2010 e agora. Uma vez que fazem o topo, o declínio que se segue é significativo.
Há indicadores bearish divergentes nas bolsas entre os diferentes indíces bolsistas, que são típicos de grandes topos. O rally desde o verão de 2010 tem sido frustrante para os Bears, o que faz parte da formação de um grande topo. Em 2007, o rally de Julho a Outubro parecia não fazer sentido para os Bears e incentivou os Bulls, contudo acabou por ser a corrida final exuberante de um grande topo que inverteu rapidamente e até hoje não voltou a ser aproximado. O mesmo está a suceder desde o verão passado.
Entretanto em dólares americanos, em 2010 a prata disparou 84%, enguanto que o ouro subiu quase 30%. Na última década, nos metais preciosos a prata apresentou a melhor performance com um aumento médio anual de 21% e o ouro teve uma média anual positiva de 18%. Nas primeiras semanas do ano os metais têm estado a corrigir.
A tendência de apreciação dos preços dos metais pode continuar, com o deteriorar das moedas de papel. O rácio entre o ouro e prata, tem melhorado a favor da prata, nos últimos três anos de mais de 80 para menos de 49. A “média histórica”, que pode variar segundo a forma de cálculo, é de 15 onças de prata por cada onça de ouro. Podemos também assistir a choques, com o disparo de preços nos metais preciosos, tal como estamos a assistir com o cacau.
Com a população mundial a inchar para os 7 mil milhões, a procura de matérias primas deverá continuar a crescer. Será extraordinário se a Prata voltar a liderar as subidas e ser um bom investimento também nesta década.