Volatilidade e Inflação em alta nos mercados
Publicado no Diário Económico de dia 28 de Fevereiro 2011
Por André Ribeiro
A tendência intermédia do S&P 500 tem sido positiva desde a primeira semana de Setembro de 2010. A 18 de Fevereiro fez finalmente um topo, duplicando o seu valor do mínimo de 9 de Março de 2009. As próximas semanas dirão se este foi o topo final deste ‘rally’ do ‘bear market’.
Se observarmos apenas os ‘media’, pensaríamos que o S&P 500 estaria em novos máximos, na realidade está quase no mesmo nível que estava há 10 anos, mas entretanto houve imensa inflação nesse período. Ou seja, em termos reais as bolsas estão negativas.
Os mercados estão a enfrentar altos riscos globais, o imobiliário continua com problemas e o emprego não cresce. A dívida continua em níveis elevados e a poupança é reduzida.
O índice da volatilidade, o VIX, deu um salto, após ter feito novos mínimos multianuais no início de Fevereiro. Depois de muita complacência e optimismo o nervosismo regressa aos mercados.
A grande recessão global está a caminho de se tornar a segunda grande depressão.
O ‘rally’ das bolsas europeias e americanas foi alimentado pela criação de dinheiro dos bancos centrais, é por isso artificial e vai acabar mal. Foi o que aconteceu com as injecções de liquidez anteriores, nos anos 1990 que acabaram com o colapso da bolha tecnológica de 2000, com a bolha no imobiliário, que ainda está a desinchar, e a bolha da dívida que continua.
A criação massiva de dinheiro está também a levar ao disparo dos preços das matérias-primas e à inflação crescente. Estamos a assistir a uma explosão dos preços dos metais, energia e matérias-primas agrícolas. O petróleo está de regresso aos três dígitos, o açúcar está em máximos de 30 anos, o algodão e o milho fizeram novos máximos de sempre.
Em Fevereiro a prata atingiu novos máximos de 30 anos, ultrapassando os 34 dólares por onça e duplicando o seu preço de um ano antes. O ouro também tem tido enorme procura, servindo como refúgio contra a inflação e a instabilidade internacional.
O preço do ouro e da prata foi suprimido durante muitos anos através de vendas de grandes bancos nos mercados derivados, agora finalmente a oferta de papel dos manipuladores está a ser conquistada. A prata continua a ter enorme procura industrial, não há substitutos e as reservas estão esgotadas. Acrescente-se a procura para investimento que está a disparar e temos a fórmula para preços cada vez mais altos.
As matérias-primas continuam a apresentar muitas oportunidades interessantes, tendo atenção a volatilidade e aproveitando momentos de correção para comprar, estes podem continuar a ser bons investimentos.